quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Intensidade democrática

O tema da democracia está constatemente em debate. Os princípios democráticos são valores fundamentais para as sociedades atuais e podem mostrar melhores caminhos para se atingir a emancipação social. O que distingue os sistemas democráticos é a intensidade democrática de uma sociedade. Atualmente, a maioria dos Estados se proclamam democráticos, porém a intensidade democrática é sensivelmente diferente na prática. Muitas instituições, empresas e entidades se intitulam democráticas, mas na essência rotulam se apresentam . Então, como medir a intensidade de uma democracia.
Esta tarefa não é nada fácil. Contudo, podemos arriscar introduzir algumas pistas:
1. A democracia necessita da participação e do envolvimento de um número elevado de pessoas para a tomada de decisão e, principalmente, na redistribuição partilhada, mas nem toda a participação necessariamente corresponde a uma democracia de alta intensidade, ou seja, poderá haver participação sem que a democracia seja assegurada na maior plenitude. Logo, participar por participar não aumenta a intensidade de um democracia. A participação deve ser consciente e cognitiva das potencialidades que visa atingir para a construção da melhor sociedade.
2. As relações de poder, de direito e epistemológicas condicionam a intesidade democrática, na medida em que as trocas desiguias de poder, a prevalência e monopólio do direito estatal e da verdade científica impõem-se na sociedade. As limitações advindas deste cenário condicionam a intesidade democrática principalmente para os que possuem menos destes instrumentos.
3. A cooptação democrática que produz a legitimação inibe a alta intensidade democrática, ou seja, os sujeitos são levados a pensar ou a acreditar ou, ainda, a concordar que os níveis de participação são suficientes dentro de um espaço-tempo, deixando de aumentar o potencial democrático.
4. O distanciamento entre a teoria e a prática. A alta intesidade democrática está ligada estreitamente com relação teoria/prática aplicada. A teoria tem excessivamente fixado suas premissas nas sociedades democráticas capitalista, enquanto que na prática a maioria das pessoas encontram para além da linha abissal (Revista Critica de Ciências Sociais n. 78 - Boaventura de Sousa Santos). As teorias são reproduzidas, em regra, de acordo com lógica neo-liberal e capitalista e há o desperdício das experiências práticas, quando não ocorre a imposição teórica sobre a pratica. Somente com o equilíbrio e respeito as diversidades da teoria/pratica e a aplicação com prudência poderá elevar o potencial democrático e elevar a sua intensidade.
Este trabalho esta em processo de construção.
Portanto, gostaria de receber sua contribuição

Um comentário:

Antônio T. Praxedes disse...

Acho que a abordagem está elegante, do ponto de vista científico. Contudo, sugiro um perspectiva crítica: por que você não explica que o atual modelo de democracia é o que se convencionou chamar de "democracia liberal"?
Existe uma obra, disponível no CES, que trata o assunto: "Democracy and Revolution", de D. L. Raby, da Universidade de Manchester. Acho que o primeiro e o segundo capítulos serão importantes para a sua pesquisa.
Um grande abraço,
Antônio.