Por José Godoy
escritor e editor
De onde vêm os livros expostos nas livrarias?
Apesar do considerável aumento na diversidade de títulos nacionais, boa parte dos livros lançados no país ainda é formada por obras de autores estrangeiros. Não somos exceção. O mercado globalizado de entretenimento (onde soma-se boa parte da produção cinematográfica, fonográfica e editorial) é uma engrenagem ancorada num hipotético consumidor global, a quem se destinam negociações cada vez mais vultosas.
De onde vêm os livros expostos nas livrarias? II
Em que pese as barreiras linguísticas, que de certo modo ainda mantém um aspecto artesanal comparado às mídias eletrônicas, o mercado de livros opera numa lógica previsível. Os grandes grupos editoriais do mundo (um dos tentáculos de gigantes do mercado de comunicação e entretenimento) expõem seus produtos em grandes feiras mundiais, negociando os direitos de publicação para os mais distintos mercados.
De onde vêm os livros expostos nas livrarias? III
Nesse cenário, assim como em praticamente tudo que não seja commodity, o Brasil é comprador. Diga-se de passagem: cada vez mais robusto. Mas não mais do que uma linha no faturamento dos editores ingleses e norte-americanos que dão as cartas. Nem nossas editoras nem o governo parecem muito incomodados com esse papel. Ancorados numa população imensa de parcos leitores, seguimos confortáveis, pelo menos enquanto os ventos soprarem a favor.
De onde vêm os livros expostos nas livrarias? IV
Ao lado da Feira de Frankfurt, a Feira do Livro de Londres, que acontece na capital inglesa durante esta semana, é o principal evento para medir-se a temperatura do mercado livreiro globalizado. Entre os 24 mil profissionais envolvidos no evento, as primeiras impressões dão conta de uma retomada de negócios após o freio imposto pela crise europeia. A maior prova é a euforia com alguns títulos, como o primeiro livro adulto de J.K. Rowling, que antes mesmo do evento já vinha sendo leiloado entre algumas das principais editoras brasileiras; a nova aventura de James Bond, a cargo do premiado romancista William Boyd; e “Children of the Jacaranda Tree” [As crianças da árvore de jacarandá], romance de estreia do americano de origem iraniana Sahar Delijani sobre a Revolução comandada pelos aiatolás.
E o prêmio vai para…
Ninguém! Pois é. A Universidade Columbia, de Nova York, anunciou ontem os vencedores do Pulitzer em diversas categorias. Porém, em ficção o espaço ficará vago. Pela 11a. vez em sua história quase centenária (a primeira em 35 anos), o prêmio mais importante dos Estados Unidos não encontrou um livro que justificasse a honraria. Nenhum dos três finalistas conseguiu se sobressair na avaliação dos jurados. As editoras já começam a bufar. O Pulitzer é daqueles prêmios que mudam o patamar de um autor e o faturamento de um livro.
José Godoy é escritor e editor. Mestre em teoria literária pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), colabora com diversos veículos, como a revista "Legado", da qual é colunista, e os jornais "Valor Econômico" e "O Globo". Desde 2006, apresenta o programa "Fim de Expediente", junto com Dan Stulbach e Luiz Gustavo Medina. O blog do programa está no portal G1.Entre em contato pelo e-mail zegodoy@hotmail.com
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